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GID – Gestão integrada da Doença Crónica

Doença Renal Crónica

(Fonte: GID – http://gid.min-saude.pt/irc.php)
Entende-se por insuficiência renal a perda de função renal. Habitualmente produz-se em ambos ao mesmo tempo, sendo importante destacar que um só rim, sem problemas, é suficiente para manter uma função completamente normal.

A insuficiência renal pode ser aguda, quando aparece de forma brusca, tendendo normalmente a recuperar, e crónica, quando a falência dos rins se produz de forma lenta e progressiva, sem possibilidades de recuperação.

Que doenças podem provocar uma insuficiência renal crónica?

A doença inicial dos rins pode ser muito diferente de uns doentes para outros, mas normalmente pioram de forma semelhante e os cuidados que são necessários variam muito pouco.

Na tabela I estão consignados a maior parte dos grupos de doenças que podem acabar em insuficiência renal crónica. No entanto, isto não significa que estas doenças tenham de provocar obrigatoriamente uma insuficiência renal, especialmente se é feito um tratamento adequado.

Tabela I

  • Glomerulonefrite
  • Pielonefrite
  • Rins poliquísticos
  • Diabetes
  • Hipertensão arterial

Quando aparecem os primeiros sintomas de insuficiência renal?

O rim é um órgão com grande reserva funcional, quer dizer, é capaz de se adaptar à perda progressiva da sua função. Isto significa que os sintomas da doença só aparecem quando a diminuição da função renal já é muito grande. Um doente com insuficiência renal crónica pode estar sem sintomas até que a função renal seja 15-20% dos valores normais. No entanto, esta situação não quer dizer que não se deva recorrer ao nefrologista imediatamente. Pelo contrário, quando for diagnosticada uma das doenças acima mencionadas, que sabemos poderem progredir para insuficiência renal crónica, deve-se consultar quanto antes um especialista para se obterem dois grandes objectivos:

  • Atrasar, ao máximo, a progressão da doença
  • Manter-se nas melhores condições físicas

O que me acontece quando sofro de insuficiência renal crónica?

O cansaço progressivo, a debilidade generalizada e a fadiga ao realizar esforços pequenos ou moderados são alguns dos sintomas que aparecem em primeiro lugar. São a consequência da anemia, habitual na insuficiência renal. Outras vezes, observa-se uma insónia progressiva, de tal modo que o doente tem de tomar medicação para dormir como antes.

Com bastante frequência, quando a insuficiência renal é grande, surgem sintomas digestivos, entre os quais se destaca a perda do apetite. Dois factores, que para isso contribuem, são as náuseas que se produzem perante a comida e a halitose, dando lugar à recusa dos alimentos. Outras vezes, depois de comer, podem existir vómitos alimentares.

O rim é o órgão que se encarrega de eliminar a maior parte dos líquidos que sobram ao organismo. Por isso, quando há insuficiência renal, produz-se uma tendência para acumulação de líquidos ou edemas, mais abundantes nas pernas à medida que o dia avança, e na face nas primeiras horas da manhã, ao acordar.

O aumento de tensão arterial ou hipertensão é muito frequente, de tal forma que, em fases muito avançadas da insuficiência renal, até 90% dos doentes podem ter uma tensão arterial elevada. As consequências desta alteração são muito variáveis. Em alguns doentes só produzem cefaleias ou dores de cabeça mas outros, com hipertensão mais grave, podem padecer de fadiga importante perante pequenos esforços (por exemplo subir as escadas de um piso), necessidade de levantar-se de noite para urinar várias vezes (nictúria) ou, inclusive, a necessidade de dormir com várias almofadas (ortopneia). Alguns doentes têm prurido generalizado na pele,(que os obriga a coçar permanentemente), e ao mesmo tempo a pele está seca e mais pálida.

Outros sintomas, muito menos frequentes, incluem as alterações menstruais em mulheres jovens e uma tendência para as hemorragias na pele ou perdas de sangue pelo aparelho digestivo.

Como é que o médico sabe que tenho uma insuficiência renal?

O médico pode solicitar algumas análises de sangue e urina que lhe permitem conhecer o grau da função renal do doente, bem como outras análises que o ajudem a controlar adequadamente os problemas já comentados. Outro aspecto que é premente ter em conta é um bom controlo da tensão arterial. Embora os níveis adequados da tensão arterial sejam diferentes em cada caso – a idade e outros factores -, recomendam-se valores inferiores a 140/90 mm Hg (14/9 em centímetros) para todas as populações.

Entre as análises destacam-se a creatinina e a depuração da creatinina, as quais são os parâmetros que o nefrologista usa habitualmente para medir a função renal. Em circunstâncias normais, o valor habitual da creatinina no sangue vai até 1,5 mg/dL. Considera-se que o doente tem insuficiência renal quando a sua creatinina sérica está acima deste valor, sendo tanto mais grave quanto maior este for.

O grau de anemia mede-se a partir do hematócrito e dos níveis de hemoglobina. Estes dados obtêm-se com uma análise de sangue e, para evitar sintomas importantes e consequências graves para o funcionamento do coração, é aconselhável que os níveis de hemoglobina sejam superiores a 11 g/dL e o hematócrito superior a 33%.

Outras análises que o nefrologista costuma requisitar incluem os níveis de cálcio e de fósforo, cujo controlo com a dieta e com alguns medicamentos é necessário para prevenir problemas nos ossos a longo prazo.

Nos doentes diabéticos é necessário manter um controlo rigoroso dos níveis de glucose, pois está demonstrado que isso minimiza os efeitos da Diabetes.

As análises de urina permitem valorizar as perdas de proteínas (proteinúria) existentes em alguns doentes, bem como a eliminação de sal e de outros produtos.

Que deve fazer o doente com insuficiência renal ou com uma doença que, com o tempo, a possa produzir?

É muito importante que seja controlado por um especialista, o nefrologista, que ajustará o tratamento a todos os momentos. Com o tratamento consegue-se:

  • Corrigir os problemas produzidos pelo mau funcionamento dos rins
  • Evitar que se produza a insuficiência renal ou, se esta existe, atrasar ou deter o seu avanço.

O tratamento inclui o regime alimentar e a medicação. Com a dieta ajuda-se a controlar a tensão arterial e diminui-se a acumulação de substâncias como a ureia, o fósforo ou o potássio, que os rins doentes não conseguem eliminar em quantidade suficiente.

Com isto os sintomas melhoram e pode-se atrasar ou deter a perda de funções dos rins. A medicação utiliza-se para controlar a tensão arterial, para fornecer as hormonas que o rim não é capaz de produzir ou para aliviar sintomas que possam aparecer, como os vómitos e a comichão.

Há recomendações que são válidas para a população em geral, como manter um peso normal, evitar o tabaco e o álcool, praticar regularmente exercício físico, etc.

Dieta

A quantidade de líquido que se deve beber varia consoante a quantidade de urina que se elimina diariamente. Há doenças do rim em que se urina muito e é necessário beber muita água. Noutras, a quantidade é pequena e há que diminuir a quantidade de água e líquidos para que não se acumulem. Apesar disso, muitas vezes, pode-se produzir retenção de líquidos (edemas), e o especialista pode receitar medicamentos que aumentem a eliminação de líquidos, chamados diuréticos.

Quando a tensão arterial é alta, deve eliminar-se o sal da alimentação e não comer enchidos ou conservas que tenham muito sal. Não se devem usar os ?sais de dieta? sem controlo médico pois, muitas vezes, contêm elementos prejudiciais.

Quando os rins funcionam a menos de metade do normal, não são capazes de eliminar as substâncias resultantes da utilização das proteínas, sobretudo as contidas na carne e no peixe. Neste momento será útil reduzir as proteínas da dieta, compensando-as com outros alimentos de forma que não se produza uma má nutrição.

O potássio também se pode acumular no sangue e deve ser vigiado. Quando está alto devem diminuir-se os alimentos ricos nele, como fruta, batatas e muitas das verduras. As gorduras também se devem vigiar e, se estiverem alteradas no sangue, além de serem vigiadas na comida, pode ser necessária medicação para baixar os seus níveis. Em situações especiais, como os diabéticos com insuficiência renal, há necessidade de ajustar as duas coisas, o controlo do açúcar e do rim.

Hipertensão arterial

Há muitas espécies de medicamentos para o controlo da tensão arterial, cabendo ao médico escolher a mais adequada para cada doente. Na maioria dos casos, isto dependerá da existência de outras doenças, além dos problemas renais, como diabetes, aterosclerose ou doenças das artérias coronárias.

O controlo da tensão arterial é muito importante, pois uma tensão alta vai produzindo danos em todas as artérias do organismo, sobretudo nas do cérebro, coração e rins. Uma subida brusca de tensão pode produzir hemorragias cerebrais que podem deixar sequelas.

Anemia

O especialista decidirá quando começar a tratar a anemia que acompanha, muitas vezes, a insuficiência renal e o que deve tomar.

Ossos

O cálcio e o fósforo são duas substâncias do organismo que sofrem alterações quando há insuficiência renal. O especialista também controlará o cálcio e o fósforo. Pode ser necessário tomar cálcio para evitar a dor óssea e, noutros casos, medicamentos que diminuam a absorção de fósforo no intestino, pois esta substância acumula-se quando os rins falham.

Também pode ser preciso o tratamento com vitamina D, que se fabrica normalmente no rim. Estes medicamentos são muito potentes, só se devendo tomar quando receitados por um especialista que os vigie.

Outros tratamentos

É muito frequente que o doente com insuficiência renal tenha outras doenças, relacionadas ou não com o problema do rim. Quando é necessário tratá-las, é da maior importância saber que muitos medicamentos são eliminados pelo rim e, se este não funciona bem, podem reter-se no organismo e serem prejudiciais. Por isso, em muitos casos, devem diminuir-se e, noutros, é melhor mudar para outra medicação que não seja eliminada pelo rim. Como regra geral, nunca se devem tomar medicamentos não receitados pelo médico; no caso do doente renal isso ainda é mais importante.

Em resumo

Actualmente existem tratamentos para prevenir e controlar a maioria das doenças do rim mas, para isso, é imprescindível consultar a tempo o nefrologista e seguir estritamente as suas indicações.

” A informação médica fornecida nesta página tem apenas carácter formativo e educativo, não pretendendo nunca substituir as opiniões, conselhos e recomendações de qualquer profissional da saúde. As decisões relativas à saúde do doente devem ser tomadas pelo profissional de saúde, tendo em conta as características únicas de cada doente. NÃO TOME MEDICAMENTOS SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO POIS TAL PODE PREJUDICAR A SUA SAÚDE. As informações contidas neste site destinam-se a pessoas residentes em Portugal.”

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